sábado, 6 de fevereiro de 2010

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Humanização Esperta
Parto, Mulheres, Perguntas e Respostas

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Doulas em pé de guerra

Adriana Tanese Nogueira

Tenho uma amiga que é doula há muitos anos, aquele tipo de mulher muito maternal, sempre disponível e simples de coração. Ela doulava antes da moda da doula acontecer.

Outro dia ela recebeu a chamada de um médico que no ano passado realizou seu primeiro parto sem intervenções e ficou maravilhado. Foi com a minha amiga, sem ela não teria acontecido. Ele gostou e estava disposto a repetir a experiência com essa nova grávida.

Eis que dá tudo errado e o médico agitado liga para minha amiga perguntando se ela poderia ir imediatamente para um certo hospital, pois ele estava com uma parturiente em prantos, histérica e pronta para deixar o hospital junto ao marido enraivecido.

Motivo do estresse?
A doula.

A grávida havia contratado a pessoa com a qual fez atividades físicas durante a gestação. Esta pessoa se ofereceu de acompanhá-la no parto, disse que era doula. Havia de fato acrescentado essa palavrinha à suas qualificações profissionais através de um curso vapt-vupt em São Paulo.

O que acontece é que a "doula" aprendeu uma série de técnicas e de princípios (ver minhas deusas da humanização-por-princípio aqui. Estarei escrevendo sobre cada uma delas uma vez por semana) relativos ao parto. Se é verdade que a situação atual exige que abramos o olho e que saibamos nos colocar e ser firmes, é também verdade que sem visão crítica e bom senso não se consegue nada de bom.

A "doula" em questão estava impondo à parturiente o que havia aprendido. Não se trata somente de "faz isso" ou "faz aquilo". É muito mais sutil. Há uma tendência nefasta na humanização - e sobretudo entre mulheres e "doulas" - a criar modelitos do que deve ser, da mulher ideal, da parideira de peito e etc. Isso tudo são "princípios", conceitos que não devem nunca ser aplicados literalmente à realidade. Somente as crianças fazem isso. É comportamento infatil de quem não amadureceu o próprio conceito no qual acredita. Se o tivesse praticado saberia que a vida não é geométrica.

Em fazer isso, está-se repetindo o mesmo idêntico modelo médico, patriarcal e machista, que essas pessoas querem com garra e determinação desmontar. O paradigma médico atual impõe à mulher certo modelo, quem faz diferente é discriminada. O mesmo acontece em alguns grupos da humanização, se você não tem o parto de uma certa maneira não vale nada.

Voltando ao nosso parto, a "doula" em questão foi mandada embora, após a direção do hospital descer para ver o que era aquela bagunça no andar de baixo. Enfermeiras, marido, parturiente estavam em alvoroço. Naturalmente, nossa "doula" havia brigado com a enfermagem... Enfim, um desastre.

Minha amiga chegou e foi dar uma volta com a parturiente, conversaram bastante. Voltaram tomando sorvete.

Logo em seguida o bebê nasceu.












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Marcadores: Doulas

domingo, 10 de janeiro de 2010
Doular à distância: é possível?

Adriana Tanese Nogueira



Dizia o poeta que "tudo é grande se a alma não for pequena". Quando uma pessoa é competente e sabe o que faz, pode doular à distância, sim. É o caso que ocorreu recentemente com a doula Mara Freire . Ela acompanhou via msn, sem ter nunca encontrado a grávida, nem sequer vê-la via câmera, seu trabalho de parto que resultou num feliz parto natural hospitalar após uma cesárea.



A gestante estava com 41 semanas e 4 dias e sua médica já agendando uma nova cesárea. Como é frequente nesses casos, o trabalho de parto não começava. Frequente por que? Como imaginam que está uma mulher nessas condições? Ansiosa. Assim estando, o trabalho de parto não pode acontecer.



Mara deu um jeito nisso e acompanhou seu progredir até "sentir" que a grávida devia estar com 7/8 centímetros de dilatação e que era melhor ir ao hospital. Lá a enfermeira confirmou o diagnóstico virtual da Mara e antes mesmo que fosse possível preparar a sala parto, o bebê nasceu.



Segue um trecho do depoimento da mulher vitoriosa:



"Maternidade: Casa de Saúde de Santa Marcelina – Itaquera – SP


Data: 02/01/10 (41 1/7)
Horário: 05:36
Peso: 3.250Kg
Medida: 51cm
A dpp era para 25/12/09

Estava hiper bem e graças a Rebeca e a Mara agüentei bem em casa, só esperando o Lucas... Falei com elas pelo MSN no dia primeiro e a Mara me deu algumas dicas de como ajudar o TP...rsrrsrs algumas eu segui e deu tão certo que deitei quase a uma e acordei as duas da manhã com contrações bem dolorosas de 5/5 min. Fui para o chuveiro sentia a necessidade de um banho, pedi para meu marido marcar as contrações e falar com a Mara, ela sugeriu ir para o hospital e pela hora e andar da carruagem ela não teria como chegar a tempo aqui...fui arrumar as bolsas e chamei meus pais para virem ficar com a Giulia.

Chegamos a maternidade já passavam das 04:00hs o médico me examinou e informou que já estava com quase 7cm de dilatação, essa noticia foi a Glória pra mim, foi o empurrão que eu precisava pra continuar perseverando meu sonhado parto, meu marido foi cuidar da internação e eu encaminhada para a sala de espera, a enfermeira vendo que eu caminhava sem parar e sentia muitas dores me levou para a sala de pré parto, após a internação liberada pelo convenio eu seria encaminhada para a sala de parto que tem banheira, chuveiro, bola, etc....pena que nem cheguei a usar as 05:00hs eu já estava com dilatação quase total e meu marido tinha acabado de voltar, a enfermeira nos informou que não nos levaria para a sala pois não daria tempo.

As 05:20 já com dilatação total ela rompeu a bolsa, e as 05:36 o Lucas veio para meus braços lindo, lindo...num lindo parto natural hospitalar, isso mesmo natural não teve nenhuma intervenção...
Abraços
Alessandra mãe da Maravilhosa Giulia (cesárea) de 1 ano e 3 meses e do Lindo Lucas (PNH) 6 dias mamando e dormindo muito..."

Entretanto, como tudo na vida, é preciso de ter muito bom senso. Ao escolher sua doula assuma sua responsabilidade e siga sua intuição. Há muito entusiasmo não fundamentado em fatos, muita conversa baseada em princípios (veja a este propósito meu post "O Parto da Mulher Atena na Era da Humanização-por-Princípio") que na realidade individual e pessoal de cada mulher não funcionam. Infelizmente, há muitos episódios que o demonstram.

Doular é uma arte.

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